Artista: Olafur Eliasson
Fonte: Arte agora! em 5 entrevistas
Hans Ulrich Obrist
Alameda Editorial
(páginas 58 e 59)
Esta entrevista aconteceu em Berlim, em março de 2001.
HUO: O espectador produz (ao menos) 50% do trabalho?
OE: Sim, sempre – sabendo disso ou não - e isso me interessa. O visitante ou espectador está engajado em certa situação; se a situação for ativada, ela ou ele vê a situação devolvendo esse engajamento. Obviamente, a situação não reage realmente de volta para o expectador, mas por este, por meio de uma terceira pessoa que foi construída; ela vê a si mesma vendo. Não acho que isso seja novo; acredito que aconteça o mesmo com o ilusionismo na pintura barroca; todos sabiam que era uma pintura, e não um teto levando direto a Deus, cheio de anjos fabulosos no caminho. Todos deveriam saber que era uma ilusão – de outra maneira não poderia ser fantástico, ou tudo seria apenas um prédio muito alto. Mas certamente há muitas diferenças também: hoje seria uma ilusão acreditar que poderíamos tornar as condições de nossa experiência completamente transparentes, porque a perspectiva da terceira pessoa, também é um ato criativo, progressivo e produtivo - não há nada por trás, nenhuma verdade a ser revelada. Você se relaciona com o espaço; você vê, caminha ou faz alguma coisa nele, e o espaço, em razão de sua evidente ideologia, tem a habilidade de mostrar a você que ele existe. É como o contrário do tema e da obra: o espectador se torna a obra e o que o cerca, o tema. Logo, sempre estarão relacionados. Essa é a razão pela qual tento fazer do espectador a parte exibida, em movimento, dinâmica e envolvida. Fingindo ser a arquitetura e a situação o tema. Isso se torna cada vez mais complexo; um exemplo é a exibição que fiz em Tóquio. Havia uma forte luz projetada na parede. Você olhava para aquilo e partia, o que criava uma imagem na retina, provocada pela luz. Essa imagem é a cor complementar. E você passa a ver a imagem por um minuto, não importa em qual direção olhe. Agora, repentinamente, você se torna um outro projetor. Você está projetando a imagem na parede. A pessoa se tornou uma máquina.
Fonte: Arte agora! em 5 entrevistas
Hans Ulrich Obrist
Alameda Editorial
(páginas 58 e 59)
Esta entrevista aconteceu em Berlim, em março de 2001.
HUO: O espectador produz (ao menos) 50% do trabalho?
OE: Sim, sempre – sabendo disso ou não - e isso me interessa. O visitante ou espectador está engajado em certa situação; se a situação for ativada, ela ou ele vê a situação devolvendo esse engajamento. Obviamente, a situação não reage realmente de volta para o expectador, mas por este, por meio de uma terceira pessoa que foi construída; ela vê a si mesma vendo. Não acho que isso seja novo; acredito que aconteça o mesmo com o ilusionismo na pintura barroca; todos sabiam que era uma pintura, e não um teto levando direto a Deus, cheio de anjos fabulosos no caminho. Todos deveriam saber que era uma ilusão – de outra maneira não poderia ser fantástico, ou tudo seria apenas um prédio muito alto. Mas certamente há muitas diferenças também: hoje seria uma ilusão acreditar que poderíamos tornar as condições de nossa experiência completamente transparentes, porque a perspectiva da terceira pessoa, também é um ato criativo, progressivo e produtivo - não há nada por trás, nenhuma verdade a ser revelada. Você se relaciona com o espaço; você vê, caminha ou faz alguma coisa nele, e o espaço, em razão de sua evidente ideologia, tem a habilidade de mostrar a você que ele existe. É como o contrário do tema e da obra: o espectador se torna a obra e o que o cerca, o tema. Logo, sempre estarão relacionados. Essa é a razão pela qual tento fazer do espectador a parte exibida, em movimento, dinâmica e envolvida. Fingindo ser a arquitetura e a situação o tema. Isso se torna cada vez mais complexo; um exemplo é a exibição que fiz em Tóquio. Havia uma forte luz projetada na parede. Você olhava para aquilo e partia, o que criava uma imagem na retina, provocada pela luz. Essa imagem é a cor complementar. E você passa a ver a imagem por um minuto, não importa em qual direção olhe. Agora, repentinamente, você se torna um outro projetor. Você está projetando a imagem na parede. A pessoa se tornou uma máquina.
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