Este projeto consiste em estar levando em papel Canson, trabalhos em relevos de formas geométricas, sobrepostas e recortadas tendo ainda, texturas e contraste de cores, de forma que com isso, eu consiga alcançar o público de baixa e de nenhuma visão e tendo ainda a oportunidade de proporcionar ao público de visão normal a experiência de estar "vendo" o trabalho com os dedos e com sua própria visão.
São trabalhos feitos com total atenção artística na qual me preocupei e me empenhei muito mais em "sentir" do que ver.
Com o processo inicial de ter o papel Canson molhado para que as fibras fiquem maleáveis e amolecidas, coloco este sobre uma chapa de latão entintada e tendo entre eles máscaras de papel Paraná. O conjunto é passado entre pesados rolos de uma prensa de gravação e assim obtenho a técnica da "Gravura Seca" ou "Relevo Seco".
O que está em pauta é o sentido que se apresenta à obra ao público, que com o toque dos dedos poderá perceber texturas, relevos, sulcos, meandros, labirintos e asperezas. O olhar dirigido à obra é sugerido através do toque, pois para a leitura poética da arte pressupõe-se a experiência estética; o contato direto com o objeto de arte. A imaginação tem início na matéria. Aqui o que apresento é a matéria e a técnica é dinamizada pela imaginação criadora do observador. Igualmente dinâmicos são os espaços e o tempo que são necessários para a leitura da obra.
São trabalhos nas dimensões que variam entre 35x45cm, 70x50cm a 100x35cm,totalizando 21 obras, tendo possibilidade (caso o espaço comporte), de terem obras maiores.
Este trabalho foi feito na Oficina de gravura do Museu do Ingá, em Niterói -RJ.
Concluo: em cada obra, e na totalidade do conjunto as imagens são proliferadas.
Insisto: O olhar da natureza nos vê. Funde a imagem com o observador e flui no espaço e no tempo desta mesma imagem. A imagem quer ser vista, quer ser habitada e para que isso aconteça, tem que ser tocada, pois afinal, esta exposição, é "Pra Se Ver Com Dedos".
André Luiz Almada
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